No
início do ano letivo de 2022 os professores de Filosofia da rede
estadual do Rio de Janeiro foram surpreendidos com a mudança da matriz
curricular em seus colégios, confirmando temores relativos à
precarização do ensino da disciplina no Estado. De acordo com a matriz
curricular do núcleo comum do Novo ensino Médio do Rio, Filosofia e
Sociologia perderam 2/3 de sua carga horária. As disciplinas deixaram de
ter 2 tempos de aula nas três séries do Ensino Médio para ter apenas 2
tempos de aula em um dos 3 anos. De acordo com a matriz, Filosofia terá
apenas 2 tempos de aula no primeiro ano e Sociologia 2 tempos no
terceiro ano. Uma redução significativa que irá prejudicar centenas de
professores, no que diz respeito às condições de trabalho. Com a medida
professores destas disciplinas vão ter uma carga horária pífia para
apresentar seu conteúdo com os estudantes em sala de aula, e também
sofreram com diversos problemas referentes a montagem de seus horários. É
notório que estes professores encontrarão dificuldades para cumprir sua
carga horária de trabalho em uma só escola e em horários que não
prejudiquem sua rotina. Novamente se desenha uma situação onde
professores de Filosofia e Sociologia vão ser obrigados a dar aulas em
diversas escolas e horários quebrados para cumprir suas cargas de
trabalho.
O oferecimento de disciplinas eletivas e
de novas disciplinas como Projeto de vida não resolverão o problema, já
que a perda de carga horária nas diversas disciplinas de formação geral
acabará sendo maior que a quantidade de carga disponibilizada
especificamente para Filosofia e Sociologia por meio destas inclusões
disciplinares. Até porque não há nenhum tipo de regulamentação que
garanta prioridade para a alocação dos professores de Filosofia e
Sociologia (que foram os mais afetados com a reforma) para ocupar espaço
nas eletivas e novas disciplinas.E ter como critério apenas a decisão
individual das gestões escolares baseada em perfil subjetivo tende a
reproduzir extrema injustiça na locação de professores dentro dos
colégios.
O resultado direto da Reforma do ensino
Médio tal como está sendo colocada no Rio de Janeiro prejudicará não
apenas os educadores, mas também os estudantes que terão uma matriz
curricular empobrecida no que diz respeito à formação crítica. Pois o
ensino de conhecimentos de Filosofia e Sociologia nas escolas é
fundamental para o pleno exercício da cidadania. A presença qualitativa
do ensino de Filosofia e Sociologia nas escolas é imprescindível para
uma formação comprometida com a alteridade e autonomia de pensamento.
Qualidades que não só são fundamentais para a construção da cidadania,
mas também para a preparação dos estudantes para o novo mercado de
trabalho do século XXI.
Viemos por meio deste
manifesto colocar contra esta reforma, e também abrir um debate sobre
medidas e iniciativas que possam atenuar os problemas imediatos que hoje
estão colocados pela redução gigantesca e abrupta de tempos de
Filosofia e Sociologia nas escolas.
Reunião de Professores de Filosofia da Rede Estadual do RJ.
19 de Março
Inscrição pelo link
https://forms.gle/ZWtrQU7iiwQhCcXF9
Cada vez mais, o desmonte de tudo o que é direito do cidadão brasileiro é aceito com passividade e sem qualquer pensamento crítico. O ensino de filosofia e de sociologia são fundamentais para a construção de cidadãos conscientes e autônomos, devendo ser garantido com carga horária à altura de sua importância em todos os anos do fundamental e médio.
ResponderExcluir