segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Manifesto da SEAF Contra a Redução de carga horária das disciplinas Filosofia e Sociologia na Rede Estadual de Educação do Rio de Janeiro.

 

    No início do ano letivo de 2022 os professores de Filosofia da rede estadual do Rio de Janeiro foram surpreendidos com a mudança da matriz curricular em seus colégios, confirmando temores relativos à precarização do ensino da disciplina no Estado. De acordo com a matriz curricular do núcleo comum do Novo ensino Médio do Rio, Filosofia e Sociologia perderam 2/3 de sua carga horária. As disciplinas deixaram de ter 2 tempos de aula nas três séries do Ensino Médio para ter apenas 2 tempos de aula em um dos 3 anos. De acordo com a matriz, Filosofia terá apenas 2 tempos de aula no primeiro ano e Sociologia 2 tempos no terceiro ano. Uma redução significativa que irá prejudicar centenas de professores, no que diz respeito às condições de trabalho. Com a medida professores destas disciplinas vão ter uma carga horária pífia para apresentar seu conteúdo com os estudantes em sala de aula, e também sofreram com diversos problemas referentes a montagem de seus horários. É notório que estes professores encontrarão dificuldades para cumprir sua carga horária de trabalho em uma só escola e em horários que não prejudiquem sua rotina. Novamente se desenha uma situação onde professores de Filosofia e Sociologia vão ser obrigados a dar aulas em diversas escolas e horários quebrados para cumprir suas cargas de trabalho.
    O oferecimento de disciplinas eletivas e de novas disciplinas como Projeto de vida não resolverão o problema, já que a perda de carga horária nas diversas disciplinas de formação geral acabará sendo maior que a quantidade de carga disponibilizada especificamente para Filosofia e Sociologia por meio destas inclusões disciplinares. Até porque não há nenhum tipo de regulamentação que garanta prioridade para a alocação dos professores de Filosofia e Sociologia (que foram os mais afetados com a reforma) para ocupar espaço nas eletivas e novas disciplinas.E ter como critério apenas a decisão individual das gestões escolares baseada em perfil subjetivo tende a reproduzir extrema injustiça na locação de professores dentro dos colégios.
    O resultado direto da Reforma do ensino Médio tal como está sendo colocada no Rio de Janeiro prejudicará não apenas os educadores, mas também os estudantes que terão uma matriz curricular empobrecida no que diz respeito à formação crítica. Pois o ensino de conhecimentos de Filosofia e Sociologia nas escolas é fundamental para o pleno exercício da cidadania. A presença qualitativa do ensino de Filosofia e Sociologia nas escolas é imprescindível para uma formação comprometida com a alteridade e autonomia de pensamento. Qualidades que não só são fundamentais para a construção da cidadania, mas também para a preparação dos estudantes para o novo mercado de trabalho do século XXI.
    Viemos por meio deste manifesto colocar contra esta reforma, e também abrir um debate sobre medidas e iniciativas que possam atenuar os problemas imediatos que hoje estão colocados pela redução gigantesca e abrupta de tempos de Filosofia e Sociologia nas escolas. 


Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas (SEAF)

 

Reunião de Professores de Filosofia da Rede Estadual do RJ.
19 de Março

Inscrição pelo link
https://forms.gle/ZWtrQU7iiwQhCcXF9

 

 

Um comentário:

  1. Cada vez mais, o desmonte de tudo o que é direito do cidadão brasileiro é aceito com passividade e sem qualquer pensamento crítico. O ensino de filosofia e de sociologia são fundamentais para a construção de cidadãos conscientes e autônomos, devendo ser garantido com carga horária à altura de sua importância em todos os anos do fundamental e médio.

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